A aula e o olhar curioso pela joaninha
Há
um grande empenho dos educadores, em favor da melhoria da aula e da sala
de aula.
A
aula ganha vários estímulos motivacionais para um maior engajamento do
aluno, com muita ludicidade, tecnologia e “novas” metodologias. Como por
exemplo, a gamificação, storytelling, aula invertida, realidade aumentada, aula
hibrida, metodologias ativas, muitas ferramentas tecnológicas e aplicativos.
Sem dispensar alguns velhos estímulos, como estrelinhas, adesivos ou
carimbinhos no caderno.
O
espaço físico também ganha uma atenção especial, com novas mesas, outro formato
de distribuição espacial, salas do futuro, com computadores individuais, lousas
touch, projetores, sistema de som e é claro, a internet.
Considero
todos esses avanços na educação, de extrema relevância, mas algo me inquieta, eles
são usados para a melhoria da aula e do ensino.
O
questionamento mais frequente que escuto entre educadores é: Como despertar no
aluno o interesse pela aula, como realmente motivá-lo a querer aprender a
matéria que o professor precisa abordar naquela disciplina.
O
“ingrediente” essencial para este interesse em aprender é a curiosidade. Curiosidade
faz parte da natureza humana. Todos nasceram e são curiosos em aprender coisas novas. Gosto de
exemplificar a expressão mais genuína de curiosidade, pelo brilho no olhar de
uma criança aos ver uma joaninha pela primeira vez – às vezes não precisa ser a
primeira vez e nem tão criança assim.
Mas
o que aconteceu com o olhar curioso dos alunos? Infelizmente a resposta está na
base da estrutura do sistema educacional e para ilustrar, lembrei-me de uma passagem
do livro de Rubem Alves, “Pinóquio às Avessas”, onde o pequeno Felipe, em seu
primeiro dia na escola, indignado pergunta para sua professora: (ALVES, 2005,
p.31)
“–
[...] Quem foi que colocou em fila as coisas que devo aprender?
–
Quem põe os conhecimentos em fila são pessoas muito inteligentes, do governo.
–
E como é que eles sabem o que quero aprender se não me conhecem e moram longe
de mim?
–
A escola não é para você aprender aquilo
que você quer aprender – disse a professora. – A escola é para você aprender
aquilo que você deve aprender. O que você deve aprender é aquilo que disseram
os homens inteligentes do governo. Tudo na ordem certa. Uma coisa de cada vez.
Todas as crianças ao mesmo tempo. Na mesma velocidade.”
Logo
Felipe aprendeu que "na escola os conhecimentos não valem por sua
utilidade. Valem porque vão cair nas provas."
Tanto
esforço para aprimorar a aula, no entanto, o maior entrave para a melhoria da
educação no Brasil, é a aula com seu conteúdo fragmentado e pré determinado, pois nela não há espaço para curiosidade. O que
se tenta fazer, é impor uma “curiosidade artificial” de fora para dentro, pelo próximo conteúdo da disciplina. Não adianta florear, pintar, perfumar, ou
encantar a aula que ensina o que o currículo impõe, ignorando a curiosidade do
aprendiz.
Quando a escola vai dar espaço para a curiosidade do aprendiz?
Quando vamos pensar na melhoria da aprendizagem?
Todo processo de aprendizagem, deveria ter início em uma pergunta: O que você quer aprender?
Quando vamos pensar na melhoria da aprendizagem?
Todo processo de aprendizagem, deveria ter início em uma pergunta: O que você quer aprender?
Como
seria bom ter alunos sedentos por aprendizagem, com o brilho do olhar curioso pela joaninha.
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Segunda foto cedida gentilmente pela escola Maré da Kid's - http://www.maredakids.com.br/ - uma escola humanizada, inovadora e criativa.
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Grande verdade! tudo precisa partir da curiosidade!
ResponderExcluirAs crianças vão descobrindo o mundo ao seu redor e isso faz delas grandes aprendizes. Depois elas se interessam pelo outro, pelo grupo e pelo social. Daí a curiosidade toma outros rumos: relacionamentos, território, ecologia, política. E, afinal uma das coisas boas da vida é aprender, não é mesmo? Os educadores precisam cuidar para não transformar essa ação em algo chato, o que gera "estudantes" meramente focados em resultados de provas.
Minha querida amiga Regina, escolas deveriam ser espaço para humanos serem humanos e não aprenderem a ser robôs reprodutores eficazes do saber alheio. Não é mesmo?
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