Autonomia na educação: maquiagem, utopia ou necessidade
Primeiramente
vamos entender o que é autonomia e como ela se conecta com a educação.
Autonomia é um termo de origem grega
cujo significado está relacionado com independência, liberdade ou
autossuficiência.¹
No
Artigo 15º da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira diz: “Os
sistemas de ensino assegurarão às unidades escolares públicas de educação
básica que os integram progressivos graus de autonomia pedagógica e
administrativa e de gestão financeira, observadas as normas gerais de direito
financeiro público.”
A
autonomia permeia os eixos estruturais encaminhados pela UNESCO: aprender a
aprender, aprender a fazer, aprender a viver e aprender a ser.
Todos os Projetos Políticos Pedagógicos de escolas ou universidades que eu já li, citam a importância da autonomia do aluno no processo de aprendizagem.
MAQUIAGEM
– Lamentavelmente, muitas vezes o conceito da autonomia é usado como mero bibelô
bonitinho em documentos oficiais, um cosmético sem função prática, que apenas camufla a velha e
tradicional educação. Sendo assim, falar em autonomia em um sistema educacional
com alto nível de controle, não faz o menor sentido. O ato de ensinar dando aula é pautado no controle. Outros exemplos de controle são: a apostila, o plano de ensino, o conteúdo previamente sequenciado
e a ausência de espaço para improvisos, criatividade e inovação.
UTOPIA
– A autonomia como conceito teórico, bem sonhado, bem planejado, bem
discursado, se não colocado em prática, ou não gerar transformações estruturais na relação professor/conteúdo/aluno, não passará de uma linda teoria. Para pensar em autonomia no sistema educacional, é preciso olhar
para o processo de forma global: o aluno jamais terá autonomia, se o professor
não for autônomo. O professor jamais terá autonomia, se a coordenação não for
autônoma. E assim chegaremos até o MEC, que de tão controlador, não permite autonomia e o cumprimento do Artigo 15º da LDB.
NECESSIDADE
– Este é um ponto variável, pois depende do que se pretende alcançar com cada
espaço educacional. A Educação Tradicional em linha de montagem, conteudista, formatada, fragmentada e
seriada, quando foi idealizada, tinha como objetivo formar operários, pessoas
que reproduzissem tarefas sem contestar. Agora, se a intenção é transformar
crianças em pesquisadores, cientistas, artistas, filósofos ou cidadãos independentes, com
pensamento crítico e criativo, a autonomia torna-se um ingrediente indispensável.
A autonomia acompanha o
processo de maturidade desde a Educação Infantil.
A MATURIDADE
gera autonomia. A autonomia proporciona liberdade de escolhas e por causa dessa
liberdade, haverá insegurança, falhas, riscos e medos... mas sem risco não existe
aprendizado.
O
contraponto da maturidade é o CONTROLE, que gera dependência, proporcionando a sensação de segurança e conforto. Fazer o que o outro manda, produz um distanciamento de qualquer responsabilidade.
“Não espere nada
criativo, onde todos vestem o mesmo uniforme” Nelson Bressan
Ambientes
de muito controle, há pouco espaço para a maturidade, a autonomia e o aprendizado.
Se a
intenção não é produzir crianças e jovens robôs reprodutores do conhecimento
alheio, que só sabem memorizar informações desconexas para responder questões em
provas, há de se reduzir o controle e dar espaço para a autonomia.
Em Educação, a autonomia do estudante revela capacidade de organizar sozinho os seus estudos, sem total dependência do professor, administrando eficazmente o seu tempo de dedicação no aprendizado e escolhendo de forma eficiente as fontes de informação disponíveis.¹
O
processo de aprendizagem está diretamente ligado à autonomia do aluno. Como disse, a autonomia pressupõe independência, liberdade e autossuficiência. Quando você
diminui o controle do professor, você cria um ambiente propício para o protagonismo
autônomo do aluno no processo de aprendizagem.
O
papel do professor nesta (nada) nova filosofia educacional, que compreende a
aprendizagem como autonomia, em um processo dinâmico, que estimula o desenvolvimento dos pensamentos complexos é de um
mentor, mediador ou facilitador e não de um detentor do saber que declama a sua sapiência e cumpre um planejamento sequenciado e engessado.
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1 - https://www.significados.com.br/autonomia/
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Querida Tina, você continua me estimulando com seus textos!
ResponderExcluirTania querida, muito obrigada por seu comentário e incentivo.
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